A mobilidade é um aspecto vital para as pessoas, e está relacionada com necessidades e vontades de ir e vir, portanto, superando a ideia de deslocamento / Por Carla Lupinacci

Além da ideia de deslocamento

Carla Lupinacci, Lupinacci Arquitetura

O conceito de mobilidade é polissêmico e integra a ação de se deslocar, superando as fronteiras de espaço e tempo, a pé ou por meio de outros modais existentes, dando a possibilidade de movimento aos cidadãos, de ir e vir, criando interações entre eles e o ambiente. A mobilidade como parte vital da vida.

De acordo com o dicionário Houaiss (2009, p. 1302), “mobilidade” quer dizer “poder se mover ou ser capaz de se mover”, mas também há outra descrição, “poder se mover ou ser capaz de se mover com facilidade”, onde seria possível acrescentar outros requisitos como agilidade e rapidez.

A Lei nº 12.587/2012 (BRASIL, 2012) definiu como mobilidade urbana como condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012).

A mobilidade é parte integrante da cidade e de seus usuários, pois o homem é um ser móvel, se locomove, explora novos espaços, se movimenta por necessidade ou curiosidade e essa motivação de se mover leva à apropriação dos espaços.

Ao se referir apenas à mobilidade no espaço, percebe-se que se relaciona a mudança espacialmente de lugar onde envolve as distâncias e o tempo gastos e essa mobilidade urbana é uma das mais afetadas pela falta de planejamento nas cidades.

Com isso percebe-se que a mobilidade urbana se refere ao ritmo diário dos cidadãos e seus hábitos, que além de sua função básica em proporcionar os deslocamentos cotidianos, também interfere para a apropriação dos espaços da cidade e das relações entre as pessoas, uma vez que o espaço público é um espaço para a convivência, criando a identidade cultural de uma cidade.

A mobilidade sustentável busca o equilíbrio entre a mobilidade funcional, que prioriza o tempo-espaço, e também os fatores ambientais, econômicos e sociais, para gerar mais qualidade de vida e justiça social (CAVALCANTE; ELALI, 2018).

A evolução para uma cidade mais inteligente, mais integrada, mais inovadora, pressupõe uma visão holística e sistêmica do espaço urbano e a integração efetiva dos vários atores e setores urbanos.

Para tal, é necessário ir além dos investimentos em inovação tecnológica e inovar também na gestão, no planejamento, no modelo de governança e no desenvolvimento de políticas públicas (CADERNO FGV PROJETOS, 2015).

Seguindo esse contexto, a mobilidade nas cidades inteligentes onde o foco é o cidadão, com a participação de todos na construção da inteligência urbana. Onde sugere-se que o espaço urbano seja desenhado como lugar de convívio comum, permitindo a livre circulação a pé́, de bicicleta e por outras ações de transporte público eficientes (CADERNO FGV PROJETOS, 2015).

A mobilidade urbana e cidades inteligentes no Brasil ainda é um tema complexo e não deve ser entendida apenas sob o prisma da circulação de pessoas dentro dos modais de transporte: deve haver uma perspectiva mais ampla de ocupações para esse espaço de circulação, atribuindo-lhe um outro sentido, em um espaço multifuncional e que promova um espaço de permanência e convivência social (KISHI, 2015).

Para que exista uma acessibilidade e mobilidade urbana mais sustentável o transporte deve se relacionar com qualidade e eficiência para se chegar aos destinos cujas distâncias devem ser reduzidas e também pelo grau em que a cidade como um todo seja acessível a todos os residentes, incluindo a população desfavorecida economicamente e com necessidades especiais (HABITAT3, 2015).

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2016) sugere que os sistemas de mobilidade podem interferir no desenvolvimento sustentável nas três dimensões principais – econômica, social e ambiental.

Trazendo essas dimensões para o campo da mobilidade urbana, podem-se delinear os pressupostos básicos de uma mobilidade urbana sustentável, nos quais a proteção ambiental, a sustentabilidade econômica e a justiça social se tornam condicionantes importantes no processo de planejamento.

Considerando as questões acima, o bem-estar social e psicologia ambiental são aspectos importantes onde as discussões de mobilidade urbana se relacionam com o seu entorno e como os ambientes podem influenciar nos seus usuários.

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