Japan House São Paulo apresenta mais uma importante vertente da cultura japonesa, a arte da caligrafia, por meio de trabalhos da artista Shoko Kanazawa

Até 28/02 – DŌ: O caminho de Shoko Kanazawa

Hikari / Shoko Kanazawa

Dando continuidade às expressões da filosofia DŌ, essencial para compreensão do Japão, a Japan House São Paulo apresenta de 02 de fevereiro a 28 de fevereiro de 2021, a exposição gratuita e inédita ‘DŌ: o caminho de Shoko Kanazawa’.

Desta vez, a instituição cultural oferece mostras do Shodō, a caligrafia, uma manifestação poética e filosófica extremamente conhecida e popular no Japão. Na mostra serão exibidas obras de Shoko Kanazawa, que utiliza técnicas e saberes milenares e os atualiza, trazendo seus conceitos para a contemporaneidade.

Os trabalhos da artista desvendam e retratam a filosofia do Shodō (書道) que significa, em japonês, o caminho da escrita, em que ‘Shō’ exprime o ato de representar letras e palavras com métodos e formas variadas. Este trabalho visa dar vazão às emoções através da escrita e é uma arte e disciplina ensinada às crianças japonesas durante a educação primária. É praticada tanto com caracteres ideogramáticos – kanji – quanto com os fonéticos – hiragana e katakana.

A caligrafia é conhecida por exigir alta precisão do calígrafo, cada caractere dos kanji devem ser escritos segundo uma ordem de traços específica, aumentando dessa forma a disciplina necessária daqueles que praticam esta arte. A liberdade de cada artista nesse gestual e interpretação é o que determina o estilo individual.

Escrita com o uso do sumi (tinta preta) e pincéis variados sobre o papel japonês, a arte da caligrafia é considerada uma metáfora para a própria vida. Assim, alternam-se pinceladas fortes com outras mais delicadas, produzindo diferentes efeitos conforme a velocidade, o ritmo, a pressão sobre o papel, o intervalo entre traços e o próprio material utilizado.

Na exposição instalada no piso térreo da Japan House São Paulo serão exibidas 11 obras – minuciosamente selecionadas. Dez pergaminhos e um biombo, muitos deles de grande escala com até dois metros de comprimento, que fazem parte do repertório de trabalhos de Kanazawa, que pratica, sobretudo a caligrafia performática, fazendo uso de grandes pincéis que demandam um envolvimento direto de todo seu corpo na aplicação da tinta sumi sobre o papel. “As obras de Shoko Kanazawa trazem uma nova perspectiva dentro do Shodō, manifestação artística importante que reflete tão bem a cultura e a estética japonesa.

Essa arte milenar, tradicional e extremamente popular no país é explorada pela artista de forma única e significativa, unindo esse caráter performático e corporal com todo o lado conceitual e espiritual do Shodo. É uma grande honra poder apresentá-la pela primeira vez no Brasil em nossa sede”, relata Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo e curadora da mostra.

Repleta de significados, as obras escolhidas para a mostra valorizam o acaso, os espaços vazios e a expressividade dos traços. As palavras e expressões escolhidas pela artista não são aleatórias, pois possuem conceitos poéticos e subjetivos, com mensagens esperançosas e positivas, e aparecem em destaque com o intuito de trazer a essência da cultura nipônica.

Outro elemento importante dessa exposição são os traços fluidos presentes nas obras de Shoko, que exigem o engajamento de todo o corpo assim como o seu compromisso e prática para alcançar leveza, equilíbrio e excelência.

Artista com síndrome de Down, Kanazawa-san sempre foi inspirada e estimulada por sua mãe, e teve sua primeira exposição aos 20 anos de idade. Em homenagem ao seu trabalho artístico, foi nomeada uma das artistas oficiais da Olimpíada de Tóquio e é uma figura exemplar em lutas pela causa de pessoas com deficiência e também tem ressignificado o Shodo, atraindo cada vez mais jovens a aprenderem essa arte tradicional e estimulando outras pessoas como ela a expressarem-se por meio de sua criatividade.

A Japan House São Paulo apresentou seu trabalho pela primeira vez, durante o evento “Sem Barreiras – Festival de Acessibilidade e Artistas com Deficiência’’, realizado em ambiente totalmente virtual em dezembro de 2020.

Shoko Kanazawa – Nascida em Tóquio no ano de 1985, Shoko Kanazawa começou a estudar caligrafia aos 5 anos, com sua mãe, que lecionava Shodo para crianças. Ao longo do tempo, foi se destacando e sua produção ganhou notoriedade. Seu domínio das variações mais sutis da linha, das noções de composição e posicionamento das formas e também do uso da tinta, com suas saturações são notáveis.

Em 2005, Shoko Kanazawa realizou sua primeira exposição individual, aos 20 anos, chamada “The World of Caligraphy”, marco de sua produção, sendo de grande importância para a divulgação de seu trabalho por todo Japão. Desde então, exibiu suas obras em templos japoneses muito conhecidos, como Kenchōji (Kamakura), Kenninji (Quioto) e Tōdaiji (Nara).

Internacionalmente, já expôs em países como Estados Unidos (The Nippon Gallery, Nova York), República Tcheca e Singapura. Além disso, foi uma das convidadas para realizar um dos posters para a próxima Olimpíada, em Tóquio, e, em 2015, apresentou um discurso na sede da ONU em ocasião do Dia Internacional da Síndrome de Down.

Serviço:
‘DŌ: O caminho de Shoko Kanazawa’
Até 28 de fevereiro
Piso Térreo
Entrada gratuita
Reserva online antecipada (opcional): https://agendamento.japanhousesp.com.br/
Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52
Horário de funcionamento:
Terça-feira a Domingo, das 11h às 17h
Entrada gratuita
• Devido ao coronavírus, estamos funcionando com capacidade reduzida.
Para mais informações, acesse o site da Japan House São Paulo.
(11) 3090-8900
https://www.japanhousesp.com.br

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