Sesc 24 de Maio promove ciclo de debates sobre arquitetura e urbanismo em seu canal do YouTube

10/02 – Sesc debate arquitetura e urbanismo

Uma das comunidades impactadas por ação do Cerbambu, centro de referência do bambu e das tecnologias sociais voltado para pesquisa e desenvolvimento de metodologias para a popularização deste material no Brasil. Seu fundador, Lucio Ventania, é um dos convidados da primeira edição do ciclo de debates promovidos pelo Sesc 24 de Maio

Em diálogo com a mostra ‘Infinito Vão: 90 anos de arquitetura brasileira’, em cartaz no espaço físico da unidade, programação reúne coletivos e representantes de comunidades urbanas de norte a sul do país em conversas sobre projetos arquitetônicos contemporâneos relacionados à educação e cultura locais.

O Sesc 24 de Maio dá continuidade no dia 10 de fevereiro, quarta-feira, às 19h, em seu canal do YouTube, a um ciclo de debates sobre arquitetura e urbanismo que dialoga com a mostra em cartaz na unidade, Infinito Vão: 90 Anos de Arquitetura Brasileira, aberta para visitação do público mediante agendamento prévio e que cumpre todos protocolos de saúde pública para evitar o contágio e disseminação da Covid-19.

Organizado em seis temas principais, Reinvenção do Cotidiano, Regeneração, Identidade, Patrimônio Vivo, Práxis e Incorporação, o Ciclo de Debates convida representantes de diversos Coletivos e Comunidades Urbanas de norte a sul do país para dialogar com o público online sobre suas participações ativas nos projetos arquitetônicos contemporâneos, que estão entrelaçados com a cultura e educação locais, realizando um recorte no último período da arquitetura brasileira abordado na Exposição, a partir dos anos 2000.

Todos os encontros serão mediados pelas arquitetas urbanistas Marcella Arruda e Marina Frúgoli e contam com a presença de convidados que atuam em Coletivos de Arquitetura ou como agentes culturais que dialogam e constituem territórios em diferentes cidades ao redor do país, majoritariamente nas periferias, ou em centros urbanos junto a grupos sociais.

No dia 10 de fevereiro, Ingrid Godinho, sócia da Cooperativa Turiarte (PA), e Lucio Ventania, fundador da Cooperativa Cerbambu (MG), conversam sobre o tema Regeneração. O segundo debate, no dia 17 de março, conta com a participação de David Popygua, líder da Aldeia Tekoa Itakupe (SP), e Yacuy Tupinambá, membro do Movimento Levanta Zabelê (BA), em uma conversa sobre Identidade .

Thelma Vilasboas, artista da Escola Por Vir (RJ), e Pedro Alban, arquiteto e fundador do Projeto Mouraria 53 (BA), debatem o tema Patrimônio Vivo no dia 14 de abril . André Moraes, cofundador do Atelier Azul Pitanga (PE), e Luciana Marson Fonseca, Diretora da Escola Livre de Arquitetura – ELA (RS), conversam sobre Práxis no dia 19 de maio. Encerrando o ciclo, Raiça Bomfim, fundadora da Gameleira Artes Integradas (BA), e Carmen Morais, fundadora do Núcleo Aqui Mesmo (SP), debatem o tema Incorporação dia 9 de junho .

Infinito Vão: 90 anos de arquitetura brasileira – A exposição que fica em cartaz até o dia 27 de junho de 2021 traz ao público um recorte da história da arquitetura brasileira a partir de obras e projetos de 96 arquitetos emblemáticos do país, entre os quais Lina Bo Bardi, Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha. O recorte curatorial compreende desde os anos 1920, marcados pela Semana de Arte Moderna de 1922, até os dias atuais.

A mostra convida o visitante a conhecer e refletir sobre a liberdade de criação trazida pela modernidade e pela contemporaneidade advindas de novas perspectivas artístico-culturais em contraponto à arquitetura clássica, influenciada por construções europeias. Exposta entre 2018 e 2019 na Casa de Arquitectura, em Portugal Infinito Vão é realizada pela primeira vez em território brasileiro e reúne obras desde a Casa Modernista de Gregori Warchavchik, passando pelos movimentos ligados ao “Direito à Cidade” e ao emaranhado de coletivos e ocupações que discutem o tema da habitação nos anos 2010.

Entre as obras expostas está o próprio edifício do Sesc 24 de Maio, projetado por Paulo Mendes Rocha e o escritório MMBB Arquitetos, e inaugurado em 2017. Localizado no centro histórico da cidade, entre as ruas 24 de Maio e Dom José de Barros, o edifício é composto por 13 andares interligados por rampas e vidraças, procurando “agradar ninguém, mas a todos de uma vez só”, nas palavras do arquiteto. O projeto, inclusive, rendeu à Mendes da Rocha e ao MMBB premiações como o International Urban Project Award (IUPA), concedido em outubro deste ano pelas publicações internacionais Bauwelt, da Alemanha e World Architecture WA, da China.

Como a exposição convida o visitante a conhecer e refletir sobre a liberdade de criação trazida pela modernidade e pela contemporaneidade, advindas de novas perspectivas artístico-culturais, em contraponto à arquitetura clássica, influenciada por construções europeias, a série de encontros é dedicada às iniciativas atuais de arquitetura, apresentando trabalhos de diversos coletivos do território nacional, com preocupações referentes às questões sociais, ambientais, ligadas às insurgências e ativismos, que visam construir relações menos verticais e mais pautadas na escuta e participação das Comunidades nos projetos arquitetônicos.

Assim como enfatizam os curadores da Exposição, Fernando Serapião e Guilherme Wisnik, neste período em que o ciclo de debates visa dialogar, que vai de 2001 até os dias atuais, observa-se uma convivência contrastante entre uma valorização hedonista da arquitetura, manifesta em edifícios culturais, e um forte ativismo de coletivos e movimentos sociais, insuflados pelo lema do “Direito à Cidade”. Contrapondo-se à especulação imobiliária, esses movimentos trabalham junto às ocupações dos sem-teto, ao passo que batalham por novos espaços públicos.

Programação do Ciclo de Debates de Fevereiro a Junho

10 de fevereiro, quarta-feira, às 19h

Coletivos de Arquitetura_Ambientar | Regeneração – Neste ciclo, cooperativas de Minas Gerais e do Pará dialogam com o público online sobre o cuidar do ambiente que habitamos: a arquitetura que vai além do baixo impacto ambiental e da sustentabilidade, para praticar a regeneração. Com Ingrid Godinho, da Cooperativa Turiarte/ PA e Lucio Ventania, da Cerbambu/ MG.

Ingrid Godinho – Sócia da Cooperativa Turiarte (PA) – A cooperativa Turiarte está estruturada na articulação social que envolve cerca de cinquenta mulheres de seis comunidades ribeirinhas dos Rios Arapiuns e Tapajós. Participam de diferentes programas de saúde, educação e inserção tecnológica e produtiva.

Ao desenvolverem a atividade tradicional do trançado, que revela saberes e habilidades comuns dos povos ribeirinhos, gera-se renda e sua participação torna-se mais ativa nas articulações políticas de suas respectivas comunidades. Isso se reflete em mais estrutura e desenvolvimento coletivo.

E embora as mulheres estejam divididas em diferentes comunidades, que são acessadas entre elas de barco, existe um movimento coletivo de apoio mútuo, onde o fazer coletivo tem gerado frutos importantes na relação de sustentabilidade ambiental no território amazônico.

Lucio Ventania – Fundador da Cooperativa Cerbambu (MG) – Lucio Ventania é mestre Bambuzeiro e se dedica à ativação de processos de desenvolvimento sustentável com bambu em mais de 50 comunidades com índices de vulnerabilidade social, nas cinco regiões do país. O Cerbambu, localizado em Ravena – município de Sabará – Região Metropolitana de Belo Horizonte é um centro de referência do bambu e das tecnologias sociais, criado por ele e voltado para pesquisa e desenvolvimento de metodologias para a popularização do bambu no Brasil, atuando na elaboração e execução de projetos arquitetônicos, mobiliários e na realização de cursos para promover consultorias e desenvolver projetos sociais.

17 de março, quarta-feira, às 19h

Coletivos de Arquitetura_Pertencer | Identidade – Neste ciclo, dois representantes de aldeias distintas, uma em São Paulo e a outra na Bahia, dialogam com o público online sobre os desafios para a criação e fortalecimento de espaços de pertencimento, perpassando questões relativas a gênero e raça, à luta pela visibilidade e direito à existência. Com David Popygua, da Comunidade Tekoa Itakupe/ SP e Yacuy Tupinambá, do Movimento Levanta Zabelê /BA.

David Popygua – Líder da Aldeia Tekoa Itakupe/ SP – Tekoa Itakupe é uma das seis aldeias da Terra Indígena Jaraguá, do povo Guarani Mbya, localizada no Pico do Jaraguá, município de São Paulo, que junto ao ambientalista Adriano Sampaio, vem desde 2018 realizando um trabalho coletivo ambiental que visa recuperar as nascentes do rio que passa no território, além de construir lagos para pesca e subsistência local, preservando assim um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica da Região Metropolitana de São Paulo. Essas práticas têm sido realizadas com ferramentas manuais em processos coletivos, considerando o calendário e tradições do Nhandereko – modo de ser guarani.

Yacuy Tupinambá – Membra do Movimento Levanta Zabelê /BA – O movimento Levanta Zabelê é uma iniciativa coletiva com o protagonismo das mulheres Tupinambá da comunidade Olhos D’água de Olivença, Sul da Bahia, para desenvolver um espaço comunitário de trocas e retomada de saberes ancestrais étnicos, baseado na cosmovisão tupinambá onde os rios, os mares, a fauna e a flora são caminhos para a união do ser humano com o planeta. Nesse território, local originário do povo Tupinambá, que sofre há séculos processos genocidas e etnocidas, busca-se experimentar soluções para um novo pensar e agir coletivo de forma a salvaguardar vidas.

14 de abril, quarta-feira, às 19h

Coletivos de Arquitetura_ Ocupar | Patrimônio Vivo – Neste bate-papo, o público online é convidado a dialogar com representantes de Coletivos no campo da educação sobre o apropriar e criar valor: a ressignificação e ativação de espaços abandonados a partir da programação cultural. Intervenções espaciais pontuais e, por vezes, efêmeras, que dialogam com o patrimônio material, recriando usos e adicionando novas camadas simbólicas a zonas históricas. Com Thelma Vilasboas, da Escola Por Vir /RJ e Pedro Alban, da Mouraria 53 / BA.

Thelma Vilasboas – artista da Escola Por Vir /RJ – Alocada desde junho de 2019 em um galpão de 240m², na região da Pequena África, no Rio de Janeiro, a Escola Por Vir é um espaço de convivência gratuito, fruto de invenção coletiva, aberto à realização de projetos à disposição da comunidade em diferentes campos do saber, que favoreçam a troca de aprendizados entre os participantes através de seis eixos considerados estruturantes para melhoria da qualidade de vida e garantia de direitos: alimentação, identidade e bem-estar social, educação, práticas e residências artísticas, comunicação e documentação, moradia e cidade.

Pedro Alban – arquiteto e fundador do Projeto Mouraria 53 / BA – No experimento do Coletivo Mouraria 53, em um casarão no centro histórico de Salvador, o funcionamento do espaço, ao contrário do que ocorre normalmente em um projeto arquitetônico, começa antes da conclusão da obra e faz parte do seu desenvolvimento: exposições, apresentações, shows, oficinas e aulas funcionam como uma troca cotidiana na construção da casa. O processo possui um valor excepcional nessa iniciativa, que reúne projetos, materiais, conversas, execuções e sonhos coletivos.

19 de maio, quarta-feira, às 19h

Coletivos de Arquitetura_ Aprender | Práxis – Neste bate-papo o público poderá conversar com representantes da Escola Livre de Arquitetura e do Atelier Azul Pitanga sobre o aprender ao construir: experiências imersivas de aprendizagem sobre o espaço e os modos de habitar junto, além da desestruturação de hierarquias da aprendizagem e criação de territórios educativos. Com André Moraes, do Atelier Azul Pitanga/PE e Luciana Marson Fonseca, da Escola Livre de Arquitetura / RS.

André Moraes – cofundador do Atelier Azul Pitanga/PE – André Moraes é artista-arquiteto, urbanista e mestre em desenvolvimento urbano pela UFPE. Cofundador do Azul Pitanga (PE), ateliê criativo de arquiteturas e afetos. Caminhando pelos processos que integram afetos, educação, colaboração, desenho e as artes do fazer, seus projetos contam com uma escuta sensível do território, valorizando processos coletivos e a bio-construção. Professor de arquitetura no Centro Universitário Paraíso (CE) e na especialização Design e Arquitetura de Espaços Efêmeros no IESP (2014-2016), propõe práticas educativas voltadas para a descolonização dos saberes.

Luciana Marson Fonsec – Diretora da Escola Livre de Arquitetura (ELA)/ RS – ELA é uma escola independente e um laboratório de projetos que existe para agregar pessoas, movimentos e ações que levem a repensar o ensino, a pesquisa, o desenvolvimento prático e a expansão da arquitetura que atua, desde 2018, pela ação de um grupo de arquitetos-professores e estudantes sensíveis à condição do Ensino Superior no Brasil. Para além do contexto de crise na educação, o grupo repensa o próprio “fazer” do arquiteto urbanista, que deseja desenvolver um alinhamento consistente com as demandas reais da construção da cidade contemporânea.

9 de junho, quarta-feira, às 19h

Coletivos de Arquitetura_ Situar | Incorporação – Neste ciclo o público online é convidado a participar da conversa sobre a situação como meio de criação de espacialidades temporárias: intervenções efêmeras que operam a partir da escuta, do improviso e do encontro dos corpos. Com Raiça Bonfim, da Gameleira Artes integradas/ BA e Carmen Morais, do Núcleo Aqui Mesmo/SP.

Raiça Bomfim – fundadora da Gameleira Artes integradas/ BA – Gameleira Artes Integradas foi criada em 2015 em Salvador/BA, fruto do encontro das artistas-produtoras Olga Lamas e Raiça Bomfim. Oriundas de experiências de trabalho em coletivos cênicos que decidem criar a Gameleira à maneira de um território de articulações artísticas, associando criações autorais, cooperações criativas e produção. Ambas vêm realizando intervenções urbanas como a performance Lavagem, que une mulheres em uma ação coletiva reunindo relatos, vivências e por fim, um cortejo até a beira mar, onde a pequena multidão de mulheres entrega-se em oferenda a Janaína, coberta de flores na cabeça.

Carmen Morais – fundadora do Núcleo Aqui Mesmo/SP – Criado e idealizado em 2012 pela dançarina e arquiteta Carmen Morais – tem como co-fundadoras Lígia Rizzo e Thaís Ushirobira – artistas da dança. O núcleo apresenta como eixo principal a pesquisa sobre arte e espaço urbano. O Núcleo é formado principalmente por artistas profissionais independentes, que apresentam em suas trajetórias um profundo interesse em pesquisar e criar ‘para’ e ‘com’ o espaço urbano.

Assista ao primeiro ciclo de debates, Reivenção do Cotidiano, ocorrido em 20 de janeiro, com os coletivos Co-criança (SP) e Massapê (PE) clicando aqui: Brincar – Reinvenção do cotidiano | Infinito Vão .

As mediadoras do Ciclo de Debates

Marcella Arruda é artista transdisciplinar de São Paulo, arquiteta e urbanista pela Escola da Cidade, estudou na Royal Academy of Arts em Den Haag (NL) e Design em Permacultura na Casa da Cidade (SP). Através de instalações, intervenções arquitetônicas, performances e programas pedagógicos, explora as relações entre corpo e território.

Realizou encontros culturais como o EME3 SP na X Bienal de Arquitetura de São Paulo, Virada Sustentável, Mostra Ecofalante, Brechas Urbanas no Itaú Cultural, Architecture for Autonomy / Arquitetura para Autonomia na 16a Bienal de Veneza (2018) e com apoio do CAU (2019). Co-organizou o laboratório virtual Comuns: desvendando processos na América Latina. Atualmente é diretora de Projetos do instituto a Cidade Precisa de Você.

Marina Frúgoli é curadora e arquiteta urbanista formada pela FAU-USP, com estudos complementares na Amsterdam Academy of Architecture. Realiza pesquisas e exposições nas intersecções entre os campos da arquitetura, urbanismo, fotografia, performance, arte indígena e arte contemporânea.

Elaborou exposições e catálogos do Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural, Tokyo Teien Metropolitan Museum, Sítio Roberto Burle Marx, Intermuseus e OMA Galeria. Co-organizou o laboratório virtual Comuns: desvendando processos na América Latina. É curadora da Coleção BEI.

Serviço:
Ciclo de Debates com transmissões ao vivo
Programação Integrada da Exposição Infinito Vão: 90 anos de Arquitetura Brasileira
Data: 10 de fevereiro, 17 de março, 14 de abril, 19 de maio e 9 de junho, quartas-feiras, às 19h.
Local: youtube.com/sesc24demaiovideos
Classificação indicativa: livre
Gratuito

Infinito Vão: 90 anos de arquitetura brasileira
Curadoria da Exposição: Fernando Serapião e Guilherme Wisnik
Local: Sesc 24 de Maio – 5º andar
Período expositivo: Até 27 de junho de 2021
Funcionamento: de terças a sextas, das 12h às 20h. Sábados, das 10h às 14h. Domingos, segundas e feriados: unidade fechada.
Tempo de visitação: até 60 minutos
Agendamento de visitas: consulte horários e adquira seu ingresso no portal sescsp.org.br/24demaio
Classificação indicativa: livre
Gratuito
Sesc 24 de Maio – Rua 24 de Maio, 109, Centro, São Paulo. 350 metros do metrô República

Youtube- https://www.youtube.com/c/Sesc24deMaiovideos

Contato:
Sesc 24 de Maio
(11) 3350-6300
https://www.sescsp.org.br/24demaio

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