Edna e Gabrielly Dantas construíram sua casa usando garrafas que iriam para o lixo com ajuda de mutirões na comunidade

Direito à moradia e ecologia popular

Mãe e filha construíram juntas em seis meses um pouco mais da metade da casa com um projeto idealizado por elas, mas com a ajuda da comunidade – Lucila Bezerra

Com cerca de 5 mil garrafas de vidros que haviam sido jogadas no lixo na ilha de Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco, Edna Dantas e Maria Gabrielly Dantas conseguiram construir sua própria casa.

Mãe e filha moravam de aluguel, mas já na pandemia a proprietária pediu a casa de volta, então elas precisaram encontrar um outro lugar para morar. Foi assim que elas tiveram uma ideia que transformaria suas vidas, como conta Edna ”Então, surgiu a ideia, eu conversando com a Gabrielly, vamos construir nossa casa de garrafas, porque tem muitas garrafas jogadas na praia, no mangue, nas esquinas.

Nesses dois anos que a gente está aqui a gente vê o descaso com a situação do lixo, né? No primeiro momento, a necessidade de ter uma moradia, mesmo, e num segundo momento é esse descaso com o meio ambiente.

Uma praia tão bonita, um lugar tão bonito, mas a preservação e o cuidado com a praia é muito precário, as pessoas descartam o lixo em qualquer lugar”, denuncia.

Mãe e filha construíram juntas em seis meses um pouco mais da metade da casa com um projeto idealizado por elas, mas com a ajuda da comunidade e de pessoas que acreditaram no projeto e se sensibilizaram com a sua história. gabrielly fala sobre o papel dessas pessoas na construção “Tipo, o telhado foi um mutirão que a gente fez aqui, com amigos e vizinhos nossos, que ajudou para a gente fazer o telhado, porque a gente não daria conta, o piso também.

Então, eles sabem como é esse processo, sabem como é querer ter essa moradia e como isso está na Constituição, é a coisa mais importante para uma família brasileira, é ter seu lar, é ter onde morar, é ter um lugar de amparo seu”. Confira na reportagem:

Conhecida como Casa de Sal, o projeto teve uma preocupação ecológica e ambiental desde a sua concepção, um conceito chamado de bioconstrução. Para Gabrielly, essa alternativa atende questões socioambientais que atingem diretamente a população negra.

É um princípio de bioconstrução, de ecodesign e de redesign também, de você reutilizar, ressignificar e também vem dentro da lógica de que a comunidade negra no Brasil é afetada diretamente com os problemas ambientais.

Depois que a gente começou a construir a casa aqui, a gente começou a ver que o problema ambiental não é só ambiental, mas socioambiental. Existe cor das pessoas que são afetadas com os desastres, com a falta de saneamento e com as crises sanitárias, por exemplo.

Para contribuir com a construção da casa, é possível entrar em contato com Gabrielly através do Instagram @casadesal.eco. Além disso, as peças vendidas em um brechó também contribuem para a construção. O brechó pode ser encontrado no Instagram, no @cabroch4s.

Fonte: Lucila Bezerra / Brasil de Fato / Recife (PE) / Edição: Monyse Ravena

Contatos:
Brasil de Fato – https://www.brasildefato.com.br/
Brasil de Fato Pernambuco – https://www.brasildefatope.com.br/
Casa de Sal – https://www.instagram.com/casadesal.eco/
Cabrochas Brechó – https://www.instagram.com/cabroch4s/

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