Em Dominação e resistência, Luis Felipe Miguel apresenta uma ampla discussão sobre o sentido da democracia e sua relação com os padrões de dominação presentes na sociedade

Dominação e resistência de Luis Felipe Miguel

Professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasilia (UnB), Miguel defende que a ordem democrática liberal não pode ser entendida como a efetiva realização dos valores que promete, pois a igualdade entre os cidadãos, a possibilidade de influenciar as decisões coletivas e a capacidade de desfrutar de direitos são sensíveis às múltiplas assimetrias que vigoram na sociedade. Porém, tampouco pode ser lida segundo a crítica convencional às “liberdades formais” e à “democracia burguesa”, que a apresenta como mera fachada desprovida de qualquer sentido real.

A conclusão é que a democracia não é um ponto de chegada, e sim um momento de um conflito que se manifesta como sendo entre aqueles que desejam domá-la, tornando-a compatível com uma reprodução incontestada das assimetrias sociais, e quem, ao contrário, pretende usá-la para aprofundar contradições e avançar no combate às desigualdades. “O conflito na democracia é um conflito também sobre o sentido da democracia, isto é, sobre quanto ela pode se realizar no mundo real como projeto emancipatório e quanto as instituições vigentes contribuem para promovê-la ou para refreá-la”

Ao defender a centralidade do conceito de dominação para a compreensão das práticas e dos agentes no plano político, o cientista político apresenta um panorama original e abrangente dos desafios postos à construção de uma política emancipatória. “Ao lado de classe, as desigualdades de gênero e de raça, entre outras, geram padrões de dominação cuja superação é um imperativo para a emergência de uma sociedade mais justa. Por um lado, é preciso preservar uma multiplicidade de agendas e demandas que reflita as vivências e as posições estruturais variadas, nas quais os diversos eixos de opressão e dominação têm pesos relativos diferentes. Por outro, é necessário garantir a eficácia da ação política, que não se esgota na emergência de novas vozes, muito menos na afirmação de identidades, mas tem como objetivo transformar o mundo.”

Luis Felipe Miguel (Rio de Janeiro, 1967) é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasilia (UnB), onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê).

Entre os livros de sua autoria estão Mito e discurso político (Editora Unicamp, 2000), Política e mídia no Brasil: episódios da história recente (Plano, 2002), O nascimento da política moderna (Editora UnB, 2007), Caleidoscópio convexo: mulheres, política e mídia (com Flavia Biroli, Editora Unesp, 2011), Feminismo e política: uma introdução (com Flavia Biroli, Boitempo, 2014), Democracia e representação: territórios em disputa (Editora Unesp, 2014) e Consenso e conflito na democracia contemporânea (Editora Unesp, 2017).

Ficha:
Título: Dominação e resistência: desafios para uma política emancipatória
Autor: Luis Felipe Miguel
Orelha: Juarez Guimarães
Páginas: 248
Preço: R$ 49,00
ISBN: 978-85-7559-610-4
Editora: Boitempo
Apoio: CNPq, FAP-DF e Fundação Lauro Campos
Comprar

Serviço:
Boitempo Editorial
(11) 3875-7250
https://www.boitempoeditorial.com.br/