Números crescentes do setor tem estimulado empresas e governo a criar padrões e projetos de lei para disseminar ainda mais essa tecnologia que visa popularizar o conceito de Casas Inteligentes. Avanço também pede cuidados extras com a segurança e privacidade

Internet das Coisas nas residências

A necessidade de estar em casa para resolver certos tipos de situações não faz mais parte da realidade de Laura. Com uma casa conectada, a executiva que trabalha fora o dia todo consegue saber, à distância, quais os itens de sua geladeira que precisam repor. Além disso, ela pode controlar a temperatura do seu ar condicionado para que a casa esteja na temperatura ideal quando ela chegar e ainda programar um dispositivo que controla a água de sua banheira para o banho está pronto na hora em que ela agendar. Tudo isso utilizando apenas o seu smartphone.

A situação de Laura parece acontecer em um futuro distante, mas a verdade é que o avanço da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) tem contribuído para que a automação residencial seja uma realidade cada vez mais próxima para os brasileiros. Segundo dados divulgados pela Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial) esse mercado prevê crescimento de 11,35% entre 2014 e 2020 em todo mundo e, no Brasil, atualmente há 300 mil lares que contam com essa tecnologia. O que mostra que ainda há um leque de mercado muito grande para ser desenvolvido por aqui.

A popularização desses produtos é o que se espera com o projeto que zera taxas sobre produtos da IoT aprovada pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados em Brasília. O texto do Projeto de Lei 7656/17, do deputado Vitor Lippi (PSDB-SP), prevê zerar a cobrança de uma série de taxas que hoje recaem sobre produtos que fazem parte do padrão IoT, o que pode fazer os preços caírem consideravelmente. O objetivo da proposta, segundo Lippi, é criar no Brasil um quadro regulatório favorável ao desenvolvimento do mercado de produtos dessa natureza, fazendo com que as empresas possam oferecer preços mais atraentes para o consumidor modernizar a sua casa.

Para Flávio Maeda, Presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) o uso da tecnologia pode facilitar muito a vida das pessoas, principalmente em uma era onde o tempo é escasso. “Um dispositivo acionado pelo celular para ligar a máquina de lavar, por exemplo, rompe as barreiras físicas ao permitir controlar remotamente processos que, sem a tecnologia, necessitam da presença física para funcionar”, exemplifica.

Maeda acredita, ainda, que a IoT já está transformando os negócios e o jeito de viver das pessoas e esta onda irá causar um impacto semelhante ou maior à primeira onda da internet, que transformou vários segmentos de negócios e comportamento dos consumidores de forma radical: “As empresas terão que se transformar de meros fabricantes de produtos físicos ou prestadores de serviços tradicionais em empresas focadas em atender as demandas dos clientes através da orquestração de diferentes produtos conectados e serviços digitais, muitas vezes combinando produtos e serviços de terceiros, para ao final entregar uma experiência unificada e diferenciada que atenda a necessidade de seus clientes de uma forma que antes não era possível”, afirma.

Além da possibilidade de controle remoto, outro conforto que a implantação da IoT na automação residencial pode trazer é o controle das funcionalidades da casa por meio do comando de voz. Grandes players da área de tecnologia, como o Google, Amazon, Apple, Samsung, dentre outros, já disponibilizam no mercado plataformas que fazem o meio de campo entre os aparatos conectados, e a tendência é que esse mercado cresça cada vez mais com o avanço e popularização da Internet das Coisas.

O avanço da tecnologia pede cuidados extras com a segurança – Enquanto a tecnologia traz mais facilidade e benefícios, por outro lado, ela apresenta novas preocupações. Uma delas é a segurança dos dados coletados. A partir do momento que os móveis e eletrodomésticos de uma residência estão conectados à internet, os dados coletados e necessários para o funcionamento do dispositivo ficam vulneráveis a ações de cibercriminosos.

Nestes casos o consumidor deve estar atento a pontos essenciais para manter a segurança: atenção aos padrões do produto, já que algumas das falhas ocorrem devido à problemas advindos da fraca segurança oferecida pelos próprios fabricantes, como transmissão de dados sem criptografia ou armazenamento de informações em uma nuvem desprotegida; atenção à configuração dos dispositivos para mudar senhas e códigos de segurança que venham padronizados pelo fornecedor; atenção com a interface do dispositivo e observar constantemente as atualizações de sistemas, firewall e antivírus presentes neles; cuidar pela segurança física dos equipamentos, evitando deixá-los em local de fácil acesso a estranhos que entrem na residência, como corredores e hall de entrada; atenção a qual rede wifi os equipamentos estão conectados e garantir que ele tenha uma senha forte e uma rede privada.

Outro ponto importante para preservar a segurança e os dados do consumidor, destacado por Maeda, é verificar como está a adaptação do fornecedor à recém sancionada Lei de Proteção de Dados para garantir que as informações coletadas não sejam tratadas de forma irregular: “A nova Lei dá ao consumidor o direito de se opor ao tratamento de seus dados. Por isso ele deve ficar atento à forma com que a empresa irá usar as informações coletadas e se opor caso discorde de alguma ação, pois a privacidade de quem usa essas tecnologias deve estar em primeiro lugar”.

Em sinergia com outras associações e entidades impactadas pela Lei, a ABINC busca obter o máximo de informações possíveis sobre as questões tecnológicas e legais que as empresas terão que lidar para orientá-las no período de transição e garantir que todos passem a trabalhar com a mentalidade privacy-first, o que será bom tanto para os usuários, que ficarão tranquilos sabendo que os seus dados estarão mais protegidos, quanto para as empresas, que terão a chance de transmitir mais confiabilidade à sua clientela e evitando eventuais prejuízos com ataques cibernéticos.

Números da Internet das Coisas – A expectativa para o setor é de que até 2020 cerca de 25 bilhões de equipamentos estejam integrados a sistemas inteligentes em todo o mundo, atendendo 4 bilhões de pessoas conectadas em cerca de 25 milhões de aplicativos disponibilizando cerca de 50 trilhões GBs de dados.

Por isso a IoT já é considerada a mais promissora plataforma de tecnologia do mundo e deve movimentar US$ 19 trilhões até a próxima década, segundo previsões da Cisco, líder mundial em TI e redes. Deste montante, a América Latina será responsável por US$ 860 bilhões, sendo o Brasil o detentor de US$ 352 bilhões – US$ 70 bilhões por parte do setor público e US$ 282 bi do privado. Na sequência vêm México, com US$ 197 bilhões, Argentina, com US$ 79 bilhões, e Colômbia, com US$ 64 bilhões.

Contato:
Associação Brasileira de Internet das Coisas / ABINC
(11) 3995-4741
https://abinc.org.br/